ATA DA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 06.12.1990.

 


Aos seis dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Terceira Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre aos Senhores Itelmar Gobbi e Aldo Besson. Às dezessete horas e trinta e quatro minutos, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancadas que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Doutor Hélio Corbelini, Secretário do Governo Municipal, representando o Senhor Prefeito Municipal; Senhor Itelmar Gobbi, Homenageado; Senhor Aldo Besson, Homenageado; Deputado Estadual Francisco Turra; Major PM José Sebastião Costa, Sub-Comandante do 11º BPM da Brigada Militar, representando o Comando; Tenente PM Guido Pedroso de Melo, representando o Comandante Geral da Brigada Militar; Doutor Ivan Bordin, Prefeito Municipal de Casca-RS; Doutor José João Santin, Prefeito Municipal de Marau - RS; Senhora Eni Solimann Besson, esposa do Homenageado; Senhora Irene Pinzon Gobbi, esposa do Homenageado; Ver. Ervino Besson, autor da proposição e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, destacando que a presente homenagem “traduz o reconhecimento da comunidade à dinâmica e trabalho empreendidos na área automobilística, à nível nacional”, pelos Senhores Itelmar Gobbi e Aldo Besson, e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Ervino Besson, como autor da proposição e em nome s Bancadas do PDT, PT, PDS, PTB, PCB, PFL e PL, falando da atuação dos Homenageados no setor automobilístico, comentou o início de seu trabalho na Empresa J.H. Santos e a fundação e rápido desenvolvimento da firma por eles criada. Atentou, ainda, para a participação ativa dos Homenageados nas iniciativas da comunidade onde vivem. O Ver. Airto Ferronato, em nome das Bancadas do PMDB e PSB, parabenizou-se com o Ver. Ervino Besson e com a Cidade de Porto Alegre, pelo título hoje entregue aos Senhores Itelmar Gobbi e Aldo Besson, falando do sucesso profissional de S.Sas. e declarando ser ele resultante do trabalho sério e criativo sempre por eles realizado. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou o Senhor Hélio Corbelini e o Ver. Ervino Besson, a procederem à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Itelmar Gobbi, concedido através da Lei nº 6568, de oito de janeiro de mil novecentos e noventa, concedendo a palavra a S.Sa., que agradeceu o Título recebido. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Senhor Hélio Corbelini e o Ver. Ervino Besson, a procederem à entrega do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Aldo Besson, concedido através da Lei nº 6579, de oito de janeiro de mil novecentos e noventa, concedendo a palavra a S.Sa., que agradeceu o Título recebido. Às dezoito horas e vinte e cinco minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos, convidando os presentes para Coquetel a ser realizado, a seguir, no Restaurante Mauro Rosa da Silva, e convocando os Senhores Vereadores para a continuidade dos trabalhos da Terceira Sessão Especial. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga, e secretariados pelo Ver. Ervino Besson, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Ervino Besson, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Damos por abertos os trabalhos desta Sessão Solene destinada a homenagear os Srs. Itelmar Gobbi e Aldo Besson, com a entrega do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, atendendo proposição do Ver. Ervino Besson, aprovada pela unanimidade desta Casa.

 

(O Sr. Presidente 1ê a nominata dos componentes da Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE: A concessão do titulo de cidadão de Porto Alegre aos empresários Itelmar Gobbi e Aldo Besson traduz o reconhecimento da comunidade pelo seu desprendimento e trabalho, considerados dentro e fora de nossas fronteiras, notabilizando-se por sua dinâmica empreendedora, notadamente na criação de um estilo único na redecoração de estofamentos voltados ao ramo automobilístico, Besson e Gobbi S/A constituem, hoje, um grupo empresarial respeitável. Sempre de parceria, Itelmar e Aldo, depois do sucesso alcançado com o lançamento do Miura, fundaram mais seis empresas, consolidando, definitivamente, assim, sua atuação no mercado brasileiro. Nossa saudação, portanto, aos novos Cidadãos de Porto Alegre, cujo perfil reside, fundamentalmente, em sua invejável capacidade de criação, reconhecida, hoje, nacionalmente. Parabéns.

Concedemos a palavra ao Ver. Ervino Besson, proponente desta Sessão Solene, que falará em nome da sua Bancada, o PDT, e demais Partidos: PT, PDS, PTB, PCB, PFL e PL.

 

O SR. ERVINO BESSON: (Menciona os componentes da Mesa.) Consoante o protocolo desta Casa e desta homenagem, o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre deveria ser entregue separadamente aos nossos dois homenageados, Itelmar Gobbi e Aldo Besson, como individuais deveriam ser os discursos de apresentação e saudação.

Entretanto, a vida e a obra destes dois Cidadãos Honorários de Porto Alegre, ambos descendentes de italianos, respeitadores da tradição e dos costumes de suas origens, até hoje encontra-se de tal forma ligada que seria até mesmo difícil prestar a merecida homenagem a um deles, sem homenagear também ao outro, cujos méritos e merecimentos se confundem.

Itelmar Gobbi nasceu em 09 de janeiro de 1938,  no Município de Marau, no Rio Grande do Sul, sendo o sexto dos onze filhos de Domingos e Catarina Pierdona Gobbi, transferindo-se em 1945 para Tapera, junto com os pais e a família.

Trazendo no sangue fascínio pelo designer e a criatividade, desde os sete anos de idade iniciava sua participação no mundo do automóvel, fabricando seus carros de brinquedo, que eram comercializados aos amigos. Entre os estudos e o trabalho encontrava tempo, nos raros momentos de lazer, para confeccionar “carros de lomba”, cujo capricho dos detalhes, a preocupação com freios e outros equipamentos simples, despertavam a admiração dos amigos.

Aos 14 anos, havendo concluído o primário, transferiu-se para Carazinho, onde cursou o ginasial já trabalhando em sua oficina de redecoração de veículos onde, por cinco anos, aprendeu as técnicas do que então era feito em redecoração de automóveis.

Transferindo-se para Porto Alegre abriu sua própria oficina, aperfeiçoando suas técnicas, mas sem capital para aplicar sua criatividade. A necessidade de dar asas ao gênio criativo levou-o a, cinco anos mais tarde, aceitar o convite da J.H. Santos para trabalhar como gerente técnico da unidade de redecoração de veículos. Com o ingresso de sua criatividade na empresa foi possível pouco a pouco abandonar as técnicas convencionais da divisão de autocapas e iniciada a verdadeira redecoração de veículos.

Aldo Besson nasceu em 24 de novembro de 1949, no Povoado Barbieri, Município de Casca, no Rio Grande do Sul, sendo um dos oito filhos de Antônio Domingos Besson e Assunta Moro Besson. Desde criança seu gosto e seu interesse pelos automóveis manifestou-se na confecção de pequenas maquetes, nas leituras e, sobretudo na admiração pelos veículos. Após cursar o primário e a primeira série do ginásio, e com a primeira experiência profissional no tabelionato de Casca, veio para Porto Alegre trabalhar na J.H. Santos, de onde sairia apenas para montar seu próprio negócio.

Nos primeiros tempos ainda foi possível conciliar o trabalho com o estudo, mas logo após a conclusão do ginásio, teve que dedicar-se inteiramente ao trabalho. Um dos então poucos funcionários da J.H. Santos a receber salário e comissões. Sempre teve uma boa remuneração, graças a sua grande habilidade para vendas e administração, mas principalmente pela intensidade de seu esforço e trabalho e uma grande preocupação com a perfeição em todas as atividades a que se dedica.

Na J.H.Santos conheceu Itelmar Gobbi, a quem logo reconheceu o gênio criativo, estabelecendo-se entre ambos uma sólida amizade, sobre a qual criaram-se os alicerces da futura empresa.

Durante cinco anos Itelmar Gobbi e Aldo Besson puderam admirar um no outro a capacidade e a consciência profissional, ao mesmo tempo em que sedimentava-se a sua amizade e, em 1967, confiando na sua capacidade profissional, antevendo o sucesso, atreveram-se a pedir em conjunto a sua demissão. Nessa data foi-lhes proposto o primeiro grande desafio. A J.H. Santos, alijada dos principais responsáveis pela divisão de autocapas, propõe-lhes a compra da unidade, mesmo sabendo que não dispunham de capital. Ao conceder-lhes o crédito, o então Diretor Presidente, hoje falecido, Fábio de Araújo Santos, profetizava: “Vocês vão pagar com os lucros e vão pagar rápido”. Dezoito meses depois estas palavras mostraram-se verdadeiras, sendo quitada a dívida seis meses antes do prazo do vencimento.

Adquirida a unidade com todos os seus funcionários, instituíram uma política salarial de fixo e comissões, que motivou um aumento da produtividade, fazendo com que os funcionários que apostaram na nova empresa, muitos ainda hoje funcionários, crescessem junto com ela.

O faro dos bons negócios e uma intuição do que poderá ser produzido com menos custo e maior qualidade, levou a uma rápida ascensão, sempre dando preferência à matéria prima nacional, que incorporada aos seus produtos, passavam por uma categoria de material superior.

Embora o nome Besson & Gobbi S/A seja imediatamente associado ao famoso Miura - esse carro fora-de-série, que teve até hoje onze modelos, cada vez mais avançados tecnicamente, sem jamais conhecer a derrota de vendas, com oito mil carros vendidos no Brasil e no exterior, sempre colocados pela imprensa em posição de destaque, mesmo em comparação aos monstros sagrados do automobilismo, um carro que no Salão de Automóveis de 1987, exposto entre os carros nacionais e 53 modelos importados, ficou em 3º lugar no concurso de opinião pública, a atividade empresarial dos nossos homenageados - não se limita ao Miura, mas também são responsáveis pela Arte & Arte, fabricação e comércio de móveis de designer criativo e alto grau de acabamento e sofisticação; a Besson & Gobbi Construção Civil; a Lytos Mineradora, no ramo da extração e beneficiamento de granito e, mais recentemente pela concessionária Ladda de Porto Alegre, para comercialização e assistência técnica ao carro russo.

Mas esta homenagem não é apenas dirigida ao sucesso empresarial dos mais novos Cidadãos de Porto Alegre, porque providos de origens humildes vieram se desenvolver, produzir e beneficiar com seu trabalho e sua genialidade a nossa Cidade, porque sabemos que instalar uma fábrica fora do eixo Rio-São Paulo, principalmente na época em que foi criada a Besson & Gobbi, acarreta sérios transtornos, e por tradição, por acreditar no Rio Grande do Sul e em nossa Cidade, aqui se estabeleceram.

Itelmar Gobbi é atualmente Vice-Presidente do Rotary Club Passo da Areia e Diretor da Aço Norte, além de Conselheiro do Lindóia Tênis Clube. Pai de quatro filhos e avô de três netos. Encontra tempo fora da empresa para exercer as funções inerentes a seus cargos e ainda para auxiliar nas promoções da Igreja Cristo Redentor, a cuja paróquia pertence e, para examinar em casa, pessoalmente. a correspondência volumosa sobre o Miura que vem de todas as partes do Brasil, de engenheiros mecânicos estudantes, aficionados do automobilismo e até de crianças com sugestões e desenhos.

Aldo Besson é atualmente Vice-Presidente da ANFAVESP - Associação Nacional dos Fabricantes de Carros Especiais, cabendo-lhe as iniciativas na defesa de seus interesses junto ao Governo da União. Pai de dois filhos, ambos trabalhando nas empresas, avô de dois netos, desempenha importante papel na comunidade porto-alegrense, mesmo sem cargos ou títulos, assessorando as associações de moradores do bairro onde reside e onde é solicitado, auxiliando as escolas de menos recursos, colaborando, principalmente, com as igrejas, não apenas a católica da qual é devoto, nunca recusando auxílio a qualquer igreja quando solicitado, além de participar na comunidade da Praia de Capão da Canoa, onde veraneia, sempre emprestando seus conhecimentos pessoais e seu relacionamento para as iniciativas comunitárias, como forma de devolver à comunidade uma parte do que recebeu. É também o primeiro filho de Casca a receber um título da Câmara Municipal de Porto Alegre.

A estes dois homens que seu incansável trabalho, têm engrandecido a nossa Cidade, orgulhando-nos em outorgar o título honorífico de Cidadãos de uma Porto Alegre agradecida.

Parabéns aos homenageados, parabéns à Cidade de Porto Alegre e parabéns a todos as comunidades onde o Aldo e o Gobbi dão sempre a sua colaboração. Para mim hoje foi uma grande alegria, uma grande satisfação de estar aqui prestando essa homenagem a estes dois Cidadãos que muito merecem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Nós registramos as presenças dos Vereadores Elói Guimarães, Omar Ferri, Wilton Araújo, Cyro Martini, Vieira da Cunha, Letícia Arruda e Airto Ferronato, a quem nós concedemos a palavra para falar em nome de sua Bancada, o PMDB, e da Bancada do PSB.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: (Menciona os componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores, colegas Vereadores. É com satisfação que assumo à tribuna para falar neste momento em nome da minha Bancada, o PMDB, e da Bancada do PSB, agradecendo o gentil convite que me o Doutor Omar Ferri. Inicialmente, quero parabenizar o nosso ilustre Vereador e nosso amigo Ervino Besson e parabenizar toda a cidade de Porto Alegre pela concessão deste merecido título a Aldo Besson e a Itelmar Gobbi. Gostaria de dizer que em 1966 eu vim para Porto Alegre. Saí do interior de Arvorezinha, mais precisamente Linha Quinta, e vim para a Capital e passei a estudar no Colégio Comercial Sto. Inácio, na Av. Polônia, e tive o prazer de, ao chegar em Porto Alegre, ter talvez os dois primeiros amigos que eu aqui fiz, dois jovens que vieram naquele mesmo ano também do interior para buscar uma nova vida aqui, em Porto Alegre, como eu fiz. E foi ali que conheci o Jorge Lavrenhuk e o Luiz Marcon, que estudavam comigo no Colégio Sto. Inácio, e foi aí que se deu o nosso primeiro relacionamento com a então Aldo Auto Capas, ali, na esquina da Av. Polônia com a Av. Presidente Roosevelt, em cujas proximidades eu morava. A partir desse momento, eu passei a acompanhar a evolução e o crescimento dessa empresa e entendo que hoje a empresa é o que ela é graças à sua administração e ao seu corpo funcional, que nós temos a satisfação de conhecer um grande número de pessoas que lá trabalham.

Queremos, neste breve espaço, cumprimentar Aldo Gobbi e Itelmar Besson pelo título que lhes é oferecido e dizer que, considerando as dificuldades econômicas que o País atravessa, merece destaque o espírito empreendedor desses dois empresários que ontem, de um pequeno negócio, hoje dirigem um grupo de sete empresas, ocupando um importante espaço mercadológico no País e no exterior, com a sua marca Miura. Tenho certeza que atrás do sucesso empresarial do Sr. Aldo e do Sr. Itelmar existe um trabalho sério, competente e eficiente desenvolvido ao longo dos anos. Gente simples, oriundos do interior, um dia aqui chegaram trazendo na bagagem o espírito e a vontade de vencer. E graças a uma visão ampla da nossa realidade comercial e industrial, trilharam os caminhos certos em prol do desenvolvimento da nossa Cidade e do nosso Estado. Outra causa desse sucesso, tenho certeza, foi a feliz união do potencial de criatividade, garra e arrojo desses batalhadores do desenvolvimento que hoje recebem o titulo de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

É a Cidade que agradece e reconhece o trabalho incansável dos nossos ilustres homenageados. Parabéns e obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Dr. Hélio Corbelini, que representa o Prefeito neste ato, e o Ver. Ervino Besson, para procederem à entrega do Diploma e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Itelmar Gobbi.

 

(É procedida à entrega do Diploma e da Medalha.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Itelmar Gobbi.

 

O SR. ITELMAR GOBBI: Hoje, por ter muitos amigos e parentes, aqui, talvez não consiga ler aquilo que escrevi, mas se não der, vou pedir escusas. (Menciona os componentes da Mesa.) Meu caro Ver. Ervino Besson; demais Vereadores; autoridades aqui presentes; Senhoras e Senhores; meus amigos. (Lê.)

“Quero agradecer a homenagem que me faz a cidade de Porto Alegre, através dos ilustres representantes da Câmara Municipal, e principalmente as belas palavras que me foram dirigidas. Devo estender estes agradecimentos à minha esposa Irene e creditar a ela também esta homenagem por mim recebida. Agradeço o apoio e incentivo dispensado a mim por meus quatro filhos: Diovani, Roberto, Simone e Sinara. Aos meus três netos: Ramsés, Crassus e Natália, que sem saberem, num incentivo desinteressado, contribuem muito para esta nossa escalada.

Também de público quero agradecer e fazer uma homenagem particular a uma amizade que começou há 28 anos atrás. Desde 1962, quando nos conhecemos, então como funcionários da unidade auto capas da J.H. Santos. Estou falando da amizade de Aldo Besson. Amigo ímpar, sem o qual não seria possível, em 1967 ousar colocar em prova nossa vontade e capacidade profissional para nos estabelecermos por conta própria, fundando a Besson Gobbi & Cia Ltda., e fundando também uma amizade sólida em que todo o trabalho, toda a decisão, todas as iniciativas, sucessos e fracassos, são partilhados.

Num caminho muitas vezes difícil de ser percorrido, não faltaram a força positiva e o apoio fundamental do meu sócio Aldo, cuja sua preciosa amizade coloco em lugar de destaque na galeria de minha vida.

Hoje, em muitos lugares, vejo o nome Besson Gobbi S/A. ser associado automaticamente ao nosso filho mais famoso: o Miura. Mas apenas nós sabemos quais foram as dificuldades da criação deste projeto para que hoje tivesse o seu nome conhecido e respeitado no mercado interno e externo.” (Palmas.)

 

(O homenageado pára de ler o seu discurso, por estar emocionado.)

 

A SRA. SIMONE GOBBI: Neste momento a emoção fala mais alto.

 

O SR. PRESIDENTE: A Srª Simone vai dar continuidade ao discurso do pai, em nome da família.

 

A SRA. SIMONE GOBBI: (Dá continuidade ao discurso de seu pai.) “Nossa primeira experiência em Salão de Automóvel foi em 1971, quando fomos convidados pela GM para expor um carro show, isto é, um carro totalmente sofisticado para a época, algo inédito. O carro era uma veraneio, o in do momento, para quem se lembra. Ele possuía geladeira, televisão, ar condicionado direcionável, bancos reclináveis, toca fitas, relógios e outras modificações. O sucesso foi grande, e como redecoradores de veículos, participamos por mais quatro anos consecutivos do Salão do Automóvel, sempre sofisticando o lado esportivo dos carros. Por este motivo e o sucesso alcançado as vendas se multiplicaram.

Em 1975 chegou novamente a vez de ousar, de enfrentar o desafio da criação de um carro, uma proposta nova de veículo que reunisse em um pequeno espaço, beleza, conforto, esportividade, sem esquecer em momento algum a segurança, porque para criação de um carro esporte é preciso compreender os sentimentos que vão na alma do usuário, um carro esportivo, veloz e seguro. Contratamos técnicos em estrutura e fibra, e durante dois anos trabalhamos dia e noite para a fabricação dos primeiros dois protótipos. Aldo e eu, após o expediente normal de trabalho, éramos os pilotos de prova. As primeiras “cobaias”. Da prancheta ao primeiro protótipo foram gastos dois anos de muito trabalho e altos investimentos.

O Miura era um grande desafio que precisava ser vencido. Pois tratava-se de uma idéia totalmente inédita e de tecnologia própria que exigia grande dedicação.

Por seu design revolucionário e avançado para a época o Miura foi, felizmente, um sucesso em seu lançamento, em junho de 1977, e antes mesmo de ser lançado já havia pedidos para a produção de dois anos. Mas as dificuldades haviam apenas começado. Criar um protótipo funcional e eficiente era apenas a primeira etapa do desafio. Criar uma linha de montagem, desenvolvendo as matrizes e os equipamentos para homogeneizar a produção foi uma grande batalha. Pois o Miura era um carro novo, sem modelo anterior e sem nada que servisse de comparação ou ponto de partida.

Hoje somente a parte motriz do Miura, um motor refrigerado a água com ignição eletrônica, ainda não é produzido em nossa fábrica; todo o restante, os freios eletrônicos e inteligentes, os amortecedores eletrônicos auto-reguláveis, a abertura eletrônica das portas com controle remoto, o computador de bordo falante, são exclusivos do Miura e justificam o título do jornal “Carros e Motores” de Curitiba: “Os Miura são pura eletrônica”.

Tenho certeza, o Miura faz bonito em qualquer salão de automóveis do mundo e que este resultado não seria possível sem que nós estivéssemos associados neste empreendimento, conjugando não apenas nossas habilidades, mas principalmente nosso esforço.

Agora, lembrando todas as dificuldades e os percalços que enfrentamos, tenho a certeza de que desde que estivéssemos juntos, faríamos tudo novamente.

Muito obrigado a todos os presentes pela homenagem e pela paciência de haverem escutado um pouco de nossa história; muito obrigado ao Ver. Ervino Besson, cujas iniciativas nessa Câmara Municipal de Porto Alegre são motivo de grande orgulho para todos os porto-alegrenses, com o reconhecimento de seu incansável trabalho e suas posições justas, no esforço de reduzirem-se as diferenças e minorarem-se os problemas sociais; agradeço também ao Município de Marau, a minha terra Natal e a Tapera, que me adotou aos 7 anos de idade.

Quero, com um parêntese todo especial, agradecer também a Deus esta homenagem. Sabemos, e eu não tenho dúvidas disto, que tudo na vida é possível quando se tem Deus em nosso coração, pois Ele é o homem mais justo que já ouvi falar, e seguir alguns dos seus ensinamentos já é um grande passo para se obter um prêmio como este.

Mais uma vez muito obrigado a todos.” (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. Ervino Besson, autor da proposição, e também o Secretário do Governo do Município de Porto Alegre, Dr. Hélio Corbelini, para fazerem a entrega, agora, do Diploma e da Medalha de Porto Alegre ao outro homenageado: Sr. Aldo Besson

 

(É procedida à entrega do Diploma e da Medalha.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Aldo Besson.

 

O SR. ALDO BESSON: (Menciona os componentes da Mesa.) Demais autoridades presentes; Vereadores; senhoras e senhores. (Lê.)

“Agradeço a homenagem que me é prestada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre e agradeço a especial deferência de permitir que se revissem, numa única cerimônia, Gobbi e eu. Também muito deste reconhecimento público devo creditar à minha mãe, que sempre foi o esteio moral que me acompanhou até hoje. À Eni, minha esposa e aos meus filhos, Aldo, Antonio e à Carla, pela compreensão que tiveram, sempre que por força do trabalho, foi preciso sacrificar o convívio com a minha família.

Meu reconhecimento também a todos aqueles que de uma forma ou de outra me ajudaram com seu carinho, compreensão e amizade. E também, sou grato às próprias autoridades públicas, civis, militares e eclesiásticas, que sempre ajudaram a sustentar e elevar nossa missão. Agradecimento especial aqui à imprensa local e do País, que sempre prestigiaram, de forma destacada, nossas iniciativas, contribuindo com seu enfoque otimista para o êxito de nossa caminhada.

Mas meu principal agradecimento vai para este amigo sincero e leal, companheiro de luta diária, sem escolher momento e hora, e que sem ele nossos sonhos absolutamente não teriam se tornado realidade, falo de Itelmar Gobbi, o meu caro, caríssimo amigo Gobbi.

Desde que nos conhecemos, ainda funcionários da Auto Capas J. H., de J. H. Santos S/ª, pudemos descobrir uma afinidade de pensamentos à qual devem ser creditados os méritos, não apenas pelo sucesso do Miura, mas porque os demais empreendimentos se tornaram possíveis a partir, primeiro da Aldo Auto Capas, e posterior e principalmente, do Miura. Gobbi sempre formou posição lado a lado comigo, com qualquer tempo, em qualquer circunstância, em toda nossa escalada. Sempre praticou uma comunhão de pensamentos positivos, de esforço, de luta, mas principalmente de amizade desinteressada e uma lealdade ímpar.

Eu tenho comigo dizer:  não adiantam boas idéias, se os que nos cercam não forem capazes de levá-las adiante.

Não imaginem haverem sido poucas as dificuldades para que o Miura tivesse hoje o conceito e o reconhecimento que tem. Desde o nome, Miura, que nos fora inspirado pelo touro espanhol, que habita nossos pampas, pequeno, mas imponente e bravio, como forma de lembrar, ser um produto gaúcho, e que a Lamborghini italiana, ao ver o sucesso do lançamento nacional do Miura, procurou durante quase um ano, reivindicar. Só foi impedida pela nossa precaução com o registro. Em setembro de 1978, quando nossa fábrica foi toda consumida por um incêndio, e que em dezembro do mesmo ano já fora reerguida com equipamentos e instalações novas, voltando, portanto, rapidamente a sua trajetória normal.

De todas as empresas do ramo que o Miura concorreu ao longo de sua história, foi a única que logrou sobreviver firme, mesmo com a crise de 1981, em seguida com o “Plano Cruzado” e atualmente com o “Plano Collor”. Digo isso, não em relação aos planos em si, mas quanto aos efeitos que esses planos produzem sobre os consumidores dos nossos produtos.

Hoje o Miura é produzido quase integralmente com componentes fabricados e desenvolvidos no Rio Grande do Sul. Até o próprio computador. São quase três mil itens, contra os dois mil de um carro convencional; e uma de nossas permanentes preocupações é com a assistência técnica. Um dos pilares do sucesso do Miura é exatamente sermos capazes de manter uma assistência individual ao usuário em qualquer ponto do País. É com muito orgulho que vemos reconhecido que somos líderes distanciados de produção na categoria de carros esportes no Brasil.

Autentica-se o sucesso do Miura, que já esteve exposto na Bélgica, África do Sul, Argentina, Colômbia e Estados Unidos, sempre ocupando uma posição de destaque entre os veículos esportivos mais famosos do mundo. Em 1981, recebeu o prêmio distinção da FIERGS, reconhecimento pela qualidade e pela importância do produto. É um produto que continua constantemente sob nossos olhos, para uma crítica pessoal de sua qualidade e dos seus pormenores, porque é um produto feito com muito carinho. O Miura é importante. Ele orgulha a quem o cria e a quem o faz.

Mas... Modéstia à parte, essa filosofia comum, com o Gobbi e comigo, de não aceitar nunca a rotina e de estar sempre começando, nos faz também todos os dias examinar negócios novos. Isto também tem contribuído para o acerto de nossos projetos, porém reafirmo que nada seria possível sem essa amizade sincera e esta força titânica, igual nos dois, para avançar com firmeza.

Ao falar em amizade sincera, devo também falar neste meu amigo de longa data, neste homem com quem convivi lado a lado até os 18 anos de idade, o agora Vereador Ervino Besson.

Se me fosse possível neste momento homenagear ao invés de ser homenageado, teria muito orgulho em contar deste amigo, que também de origens humildes veio para Porto Alegre, e mercê de seus esforços, primeiro Vereador de Porto Alegre nascido em minha terra Natal, e que como homem empreendedor e pleno de iniciativas, logrou ver depositada em si a confiança de seus muitos eleitores, confiança esta que veio plenamente justificada nesse trabalho sério, honesto e dedicado à comunidade de Porto Alegre, e principalmente, na defesa dos mais humildes. Vá em frente, também, Ervino. Tua missão é bonita, tua missão é importante.

Bem, eu confesso a vocês presentes, e aos que me ouvem e me cercam, que jamais imaginei merecer tanto desta muita valorosa e leal cidade de Porto Alegre.

Prometo, aqui e de viva voz, que vou redobrar meus esforços para com meu amigo Gobbi, para com nossos funcionários, eternos colaboradores para com as instituições que dirijo ou colaboro; para com a minha cara Porto Alegre, que me outorga este título importante; para com minha terra Natal, Casca; para com o simpático Município de Marau; para o importante Município de Capão da Canoa; e, enfim para todos os que, de uma forma ou de outra, participaram ou participam do meu conviver diuturno.

À Câmara Municipal de Porto Alegre, a você Ervino, a você Gobbi, e a todos esses meus amigos, meu muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tenham certeza, irmãos porto-alegrenses nascidos há instantes, Itelmar e  Aldo, nós é que estamos orgulhosos com a presença de V. Sas aqui em nossa Cidade, desenvolvendo este trabalho maravilhoso em prol de um engrandecimento de Porto Alegre, do nosso Rio Grande, do País inteiro, do mundo inteiro, mas eu tenho certeza que junto conosco, com este nosso orgulho, a felicidade também está em Marau, com seu Prefeito, com Casca, com Capão da Canoa e os outros companheiros que também são do interior, como os de Santa Cruz - o Ver. Lauro Hagemann -, como outros Vereadores de Arvorezinha e outros companheiros que eu poderia citar que estão nos acompanhando, como os Vereadores Dilamar Machado, Vicente Dutra, Clovis Ilgenfritz, etc.

Convidamos os amigos presentes que estão acompanhando esta festa maravilhosa para se dirigirem ao Salão Nobre para os cumprimentos aos nossos homenageados: Itelmar e Aldo.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h25min.)

 

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